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Análise de Situação - Conflito Israel x Hamas

Publicado: Segunda, 31 de Mai de 2021, 07h00 | Última atualização em Segunda, 31 de Mai de 2021, 07h48 | Acessos: 1654

Sandro Teixeira Moita

Coordenador do Grupo Conflitos Bélicos – Observatório Militar da Praia Vermelha

 

 Em 10 de maio de 2021, Israel lançou a Operação Guardião das Muralhas (Operation Guardian of the Walls), com massivo uso de poder aéreo a posições dos grupos Hamas e Jihad Islâmica na Faixa de Gaza, em resposta ao grande lançamento de mísseis e foguetes realizado por estes grupos contra cidades israelenses. A escalada na tensão e o conflito decorrente já produziram graves danos, centenas de mortes palestinas e israelenses, assim como milhares de palestinos desabrigados. Após anos de calma, o que explica a recente eclosão de um novo conflito em Gaza?

 Um histórico dos conflitos

 As relações entre Israel e a Faixa de Gaza sempre estiveram caracterizadas por grandes tensões, derivadas do processo de ocupação israelense que findou em 2005, com uma retirada unilateral e o fim da ocupação militar. Com o fim do controle israelense em setembro deste ano, Gaza, então controlada pelo grupo Fatah, testemunhou as eleições, disputadas entre este grupo e o Hamas, em janeiro de 2006 pelo controle da Autoridade Nacional Palestina.

 A vitória do Hamas gerou severas reações internacionais, demandando que o grupo mantivesse os compromissos assumidos, com pressões diplomáticas da União Europeia, Rússia, Estados Unidos e das Nações Unidas. As pressões de Israel foram ignoradas pelo Hamas, uma vez que o grupo não reconhece o direito de existência do Estado de Israel até os dias atuais. Isto não impede negociações nos bastidores, quando eclodem conflitos.

 O ano de 2006 passou com um impasse nas facções palestinas, com o Hamas exercendo controle de fato em Gaza e o Fatah controlando a Cisjordânia. A falta de diálogo levou a um conflito, embora com interrupções e mediações fracassadas, resultou com o Hamas conseguiu eliminar ou expulsar os membros do Fatah de Gaza, estabelecendo um controle que dura até os dias atuais.

 O controle de Gaza por parte do Hamas durante o ano de 2007, levou a uma série de reações de Israel e Egito, com imposição de embargos de tráfego, fechamento de postos de fronteira. Países árabes como Arábia Saudita, Jordânia e Egito reconheceram a Autoridade Nacional Palestina sob domínio do Fatah como governo legítimo palestino. Tentativas de reconciliação entre o Fatah e o Hamas, bancadas por países árabes foram feitas, mas esbarram em falta de passos concretos entre as duas facções.

 O ano de 2008 observou uma tensão crescente, com lançamentos de foguetes por parte do Hamas contra Israel, que, por sua vez, respondia com ataques aéreos. Tréguas negociadas pelo Egito duravam pouco, dias ou semanas, até meados de junho, quando Israel e Hamas acordaram em um cessar-fogo de seis meses. Isto não impediu crescimento de tensões a medida que o grupo consolidava seu domínio sobre Gaza, expulsando os últimos simpatizantes do Fatah. Em fins de novembro, após um ataque israelense contra um de seus tuneis, o Hamas lançou grandes salvas de foguetes e morteiros contra Israel, escalando a crise durante dezembro.

 Em 27 de dezembro, Israel desencadeou a Operação Chumbo Fundido (Cast Lead), em uma primeira fase com uma intensa campanha aérea que destruiu boa parte da infraestrutura de Gaza, assim como instalações ligadas ao Hamas. O grupo palestino respondeu aumentando o número de foguetes e morteiros lançados, atingindo cidades como Ashdod e Beersheba, que não tinham sido alvo anteriormente.

 Com as ações militares em curso, combates terrestres iniciaram em 3 de janeiro de 2009, com a invasão de Gaza por tropas israelenses. O Hamas, apoiado por outros grupos militantes, ofereceu uma renhida resistência, enquanto as Forças de Defesa de Israel despejavam larga quantidade de munições contra Gaza, por meio de ataques aéreos e fogo de artilharia.

 O conflito chegou a um cessar-fogo em 18 de janeiro de 2009, com grandes perdas para os palestinos: entre 1100 e 1500 mortos, mais de 5 mil feridos, e grande destruição, que resultou em severos problemas de infraestrutura e moradia, com mais de 50 mil desabrigados e refugiados. Os israelenses tiveram treze mortos, sendo dez soldados e três civis. Os efeitos da guerra de vinte e dois dias ainda são sentidos até os dias atuais.

 Após o fim da Operação Chumbo Fundido, as tensões continuaram a existir, mas em menor grau, entre 2009 e 2011, onde breves episódios de violência eclodiam, com lançamentos de foguetes do Hamas seguidos por ataques aéreos de Israel e tentativas de emboscadas a militares israelenses, visando sequestrá-los para poder criar trocas de prisioneiros com Israel.

 As tensões voltaram a crescer durante o ano de 2012, com lançamentos maiores de foguetes e morteiros contra Israel por parte do Hamas, mas também outros grupos que o desafiam, como a Jihad Islâmica. Diversos eventos foram marcando uma nova escalada de eventos, até que, em 14 de novembro, Israel eliminou o comandante militar do Hamas, num ataque aéreo. Isso marcou o início da Operação Pilar Defensivo (Pillar of Defense).

 O grupo reagiu lançando centenas de foguetes, mísseis e morteiros contra Israel, que respondeu com ataques aéreos. Dessa vez, o Hamas mostrou maior capacidade, empregando além de foguetes construídos localmente, mísseis de origem russa e iraniana, o que aumentou o alcance dos ataques, incluindo a capital israelense, Tel Aviv. Quase 10% dos foguetes utilizados pelo Hamas caíram em Gaza ou falharam em decolar, detonando, o que produziu ainda mais vítimas do conflito.

 Porém, o conflito marcou a estreia do sistema de defesa antimísseis Domo de Ferro (Iron Dome), que abateu uma parcela razoável dos foguetes disparados contra Israel, apresentando um novo ativo com peso estratégico no conflito, capaz de dirimir a ameaça missilística dos grupos militantes palestinos e o número de baixas civis israelenses.

 Após uma semana de combates, com uma pesada campanha aérea realizada por Israel, além de fogos de artilharia disparados contra Gaza, em 21 de novembro, um cessar-fogo mediado pelo Egito entrou em vigor. Tanto Israel quanto o Hamas clamam serem vitoriosos. Algumas concessões foram feitas quanto a navegação marítima na costa de Gaza bem como pontos de entrada e acesso de material para a reconstrução.

 Apesar de uma relativa calma no ano de 2013, rompida por episódios esporádicos de violência, com ataques a tropas israelenses na fronteira, lançamentos de foguetes respondidos por ataques aéreos, a situação se manteve estabilizada, até que uma nova escalada de crise ocorreu no ano de 2014, após Israel intensificar o bloqueio de Gaza por mar, terra e ar.

 O Hamas realizou uma ação na qual três adolescentes foram sequestrados na Cisjordânia. Israel lançou a Operação Guardão do Irmão (Brother’s Keeper), com forças policiais e militares, que capturou ou matou suspeitos do sequestro, sendo que alguns deles eram membros do Hamas. Embora a liderança política do grupo negasse ter dado ordens para o sequestro, a reação israelense acirrou os ânimos em Gaza, e logo lançamentos de mísseis e foguetes foram registrados.

 Em 8 de julho, Israel lançou a Operação Margem Protetora (Protective Edge), com ataques aéreos contra alvos em Gaza. Logo se seguiram fogos de artilharia e o deslocamento de forças terrestres para a fronteira. Por dez dias, a campanha de bombardeios impôs grande destruição. Uma tentativa de cessar-fogo proposta pelo Fatah, com apoio do Egito, foi aceita por Israel em 15 de julho, mas fracassou diante da negativa do Hamas em aceitá-la.

 Israel retomou os ataques, em 16 de julho, e a noite, aceitou uma proposta de cessar-fogo com cinco horas de duração das Nações Unidas para o dia 17. Entretanto, o avistamento de um grupo de membros do Hamas saindo de um túnel para realizar ataques em solo israelense pôs fim com o cessar-fogo, com os israelenses eliminando o grupo e destruindo o túnel.

 Determinado a destruir os túneis construídos pelo Hamas que permitiam tal tipo de ação, o governo israelense ordenou uma invasão terrestre de Gaza. Em 19 de julho, violentos combates entre as tropas israelenses e militantes do Hamas, e outros grupos, destacando- se a Jihad Islâmica, resultaram em mais de dez soldados israelenses mortos e cinquenta e seis feridos, algo sem precedentes nas operações ate então. Mais de cem palestinos, entre militantes e civis também morreram na batalha, que se encerrou no dia 23.

 Os violentos combates urbanos nas cidades de Gaza, onde o Hamas, a Jihad Islâmica e outros grupos buscavam emboscar as forças israelenses produziram um crescente número de baixas dos dois lados, com milhares de civis palestinos, presos em meio a luta, mortos.

 A pressão internacional pelo fim da luta aumentou, e Israel retirou suas forças terrestres de Gaza em 3 de agosto, declarando que os túneis que representavam perigo estavam destruídos. A partir daí, várias tentativas de cessar-fogo, mediadas por Egito, Estados Unidos, Nações Unidas, foram buscadas, mas fracassaram por violações por parte do Hamas e por parte de Israel.

 Somente em 26 de agosto, sete semanas após o início da operação, é que um cessar-fogo mediado pelo Egito com apoio dos Estados Unidos, Rússia, União Europeia e Nações Unidas, se manteve e pôs fim ao conflito. As perdas econômicas foram grandes, devido ao grau da destruição ocorrida por causa dos combates. Mais de 50 mil desabrigados, com 2200 e quase 10 mil feridos no lado palestino, enquanto Israel tinha perdido 67 soldados e seis civis, com mais de 500 feridos, a maioria, militares.

 O fim do conflito levou a uma nova estabilização da situação, rompida por esporádicos episódios de violência, que logo tinham fim. Tanto Israel quanto Hamas clamaram vitória, fosse pelo fim dos lançamentos de mísseis, fosse pelo fim da operação militar.

 O panorama permaneceu relativamente estável, na dinâmica de ações esporádicas de violência, que logo terminavam. Em 2018, houve uma série de protestos nas fronteiras de Gaza contra o bloqueio israelense que resultou em meses de violência, com um saldo de 198 palestinos mortos e mais de 9 mil feridos.

 Nos anos de 2018 e 2019, as Forças de Defesa de Israel lançaram algumas operações contra instalações do Hamas, principalmente ataques aéreos, mas ações terrestres também ocorreram, com tentativas de ferir ou matar soldados israelenses por parte de militantes de grupos como a Jihad Islâmica, que escapam ao controle do Hamas.

 A crise atual e a Operação Guardião das Muralhas (Guardian of the Walls)

 A situação se tornou mais calma em 2020, face à crise gerada pela pandemia do coronavírus. Isso veio a se reverter em 2021, com episódios de violência alimentando nova escalada da crise. Porém, diferente das outras vezes, o foco da crise não se encontrava em Gaza.

 Uma série de eventos desconectados, mas extremamente traumáticos levaram a crise que veio a fazer eclodir um novo conflito em 10 de maio. Eventos em Jerusalém Oriental detonaram a crise, quando palestinos iniciaram uma série de protestos face a uma decisão da Suprema Corte de Israel, de expulsar seis famílias palestinas de um bairro da cidade. A resposta dura da polícia israelense levou a mais protestos.

 Protestos de partidos da extrema direita israelense incendiaram a situação, demandando “morte aos árabes”, o que fez com que explodisse o ressentimento da comunidade árabe- israelense, com protestos ocorrendo em diversas cidades do país. A dura repressão policial no Monte do Templo levou a um episódio onde a Mesquita de Al-Aqsa, um dos mais sagrados locais do mundo para os muçulmanos, foi invadida por policiais israelenses.

 O Hamas emitiu um ultimato contra Israel, em 10 de maio, para que retirasse suas forças policiais da área da Mesquista de Al-Aqsa, do Domo do Templo, do bairro palestino alvo do processo na Suprema Corte, e parasse a repressão contra os palestinos. Sem resposta, lançamentos de mísseis foram realizados, atingindo cidades israelenses. As Forças de Defesa de Israel então lançaram uma série de ataques aéreos, iniciando-se a Operação Guardião das Muralhas.

 Porém, diferente de outros confrontos com o Hamas e os grupos militantes em Gaza, Israel teve de lidar com embates em diversas frentes. Na Cisjordânia, protestos diversos forçaram o envolvimento de militares, posto que não havia forças policiais suficientes para lidar. Em 18 de maio, uma greve geral foi convocada pelo Fatah, com grande adesão palestina e alguma adesão na comunidade árabe- israelense.

 Nas cidades mistas israelenses, assim chamadas pela convivência de cidadãos árabes com judeus, as provocações feitas pelos partidos de extrema-direita fizeram com que as polícias locais se tornassem incapazes. Isto demandou a presença da Polícia de Fronteiras, que, em alguns casos, teve de ter apoio militar para encerrar os protestos, tal a monta que eles atingiram.

 Algumas cidades tiveram a decretação de estado de emergência em 11 de maio, com a imposição de toques de recolher e pontos de bloqueio, operados pela Polícia de Fronteiras com apoio das Forças de Defesa de Israel. Os protestos começaram a diminuir por volta de 18 de maio, com prisões de árabes e judeus, envolvidos na violência.

 Em Gaza, a Operação Guardião das Muralhas estava em forte ritmo, com as Forças de Defesa de Israel utilizando ataques aéreos e de artilharia para destruir alvos ligados ao Hamas e outros grupos. Apesar disso, os lançamentos de foguetes se intensificaram, com uso de mísseis de maior tecnologia, especialmente russa e iraniana. Uma salva de 137 foguetes e mísseis foi lançada contra Tel Aviv, demonstrando as novas capacidades que estes grupos tinham obtido desde 2014.

 Israel intensificou os ataques, e aviões israelenses travaram combate contra drones suicidas lançados pelo Hamas. As grandes salvas de foguetes e mísseis tinham como objetivo

 sobrecarregar as baterias do Domo de Ferro, sendo que em alguns casos, alguns foguetes e mísseis conseguiram vencer a proteção deste. Residências e possíveis esconderijos ou refúgios dos líderes do Hamas e grupos menos foram destruídas por Israel, eliminando boa parte das lideranças.

 Em 15 e 16 de maio, as Forças de Defesa de Israel realizaram uma série de ataques aéreos concentrados, visando destruir os complexos de túneis do Hamas, com munições de precisão guiada e tipo “bunker buster”, capazes de penetrar alvos fortificados e explodir em profundidades diversas. Tais ataques foram repetidos em 17 de maio, com mais lançamentos de bombas contra a rede.

 Militantes do Hamas visavam atacar as tropas terrestres israelenses que estavam sendo concentradas na fronteira, especialmente com munições anticarro. Em um dos ataques, um sargento israelense foi morto, e soldados ficaram feridos. Ataques foram lançados contra militantes que compunham as equipes dotadas deste armamento.

 A campanha aérea israelense ficou sob escrutínio internacional após o bombardeio de diversas torres em Gaza.

 As Forças de Defesa de Israel justificaram suas ações indicando que os prédios tinham dependências ligadas ao Hamas. A ação foi bastante criticada, posto que o prédio abrigava escritórios da Associated Press e da Al Jazeera, órgãos de imprensa internacional. Para alguns, Israel buscou complicar o trabalho da imprensa de reportar o que estava ocorrendo em Gaza.

 Em 20 de maio, as ações militares dos dois lados arrefeceram, e um cessar-fogo mediado pelo Egito, Catar e Nações Unidas, com apoio dos Estados Unidos entrou em vigor às duas da manhã do dia 21. A despeito de protestos nas proximidades da Mesquita de Al-Aqsa, nenhum dos lados violou os termos do cessar-fogo, enquanto clamam vitória. Doze mortes foram reportadas em Israel, enquanto 243 palestinos perderam a vida nos ataques, com mais de 1900 feridos estimados até o momento.

 O dilema estratégico permanece

 A nova rodada de confrontação entre Israel e Hamas, parece uma repetição dos lances anteriores, mas há elementos a serem considerados desta vez, que entrarão nos cálculos estratégicos dos dois lados. O Hamas pode clamar, no mundo muçulmano, que é protetor de Jerusalém, e que pode resistir a Israel, lançando foguetes e mísseis. Israel, por sua vez, pode clamar ter conseguido destruir a infraestrutura de tuneis do Hamas em Gaza, bem como eliminado boa parte de suas lideranças, e eliminado boa parte de suas reservas de armamento.

 Politicamente, Israel sabe que não é possível uma vitória plena contra o Hamas ou outros grupos militantes palestinos. Desta forma, Israel segue com sua estratégia de “aparar a grama”, ou seja, operações realizadas de tempos em tempos para degradar as capacidades dos grupos militantes, mantendo a situação relativamente calma por meio da dissuasão, demonstrando que atacar Israel traz um preço caro a ser pago, o que pode minar a motivação destes militantes e fazer com os grupos acabem.

 

 Rio de Janeiro - RJ, 24 de maio de 2021.


Como citar este documento:
MOITA, Sandro Teixeira. Análise de Situação. Conflito Israel x Hamas. Observatório Militar da Praia Vermelha. ECEME: Rio de Janeiro, 2021.

 

Referência:

  1. Inbar, E.; Shamir, E. ‘Mowing the Grass’: Israel’s Strategy for Protracted Intractable Conflict. Journal of Strategic Studies. v. 37, n. 1, p. 65-90. 2014.
  2. Shkolnik, M.. “Mowing the Grass” and Operation Protective Edge: Israel’s strategy for protracted asymmetric conflict with Hamas. Canadian Foreign Policy Journal. v. 23, n. 2, p. 185–189. 2016.
  3. Operation Guardian of the Walls: The Need for an Integrated Multi-Front Strategy (Institute for National Security Studies, Tel Aviv University) https://www.inss.org.il/publication/guardian-of-the- walls/
  4. Operation Guardian of the Walls: Envisioning the End (Institute for National Security Studies, Tel Aviv University) https://www.inss.org.il/publication/operation-ending/
  5. Biden promises to replenish Israel's Iron Dome supply, help rebuild Gaza (The Jerusalem Post) https://www.jpost.com/breaking-news/biden-us-will- replenish-iron-dome-amid-ceasefire-668721
  6. Israel-Palestinian ceasefire comes into effect (BBC) https://www.bbc.com/news/world-middle-east-57195537
  7. Israel and Hamas agree Gaza ceasefire after 11 days of fighting (Al Jazeera) https://www.aljazeera.com/news/2021/5/20/israel- and-hamas-annouce-gaza-ceasefire

 

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