Impactos Econômicos da COVID-19 na América Latina

Gustavo Macedo

Prof. Dr. de Relações Internacionais da FMU e Pesquisador da USP

Giovanna Janguas Gadotti

Graduando em Relações Internacionais da FMU

Julia Vilela Fernandez

Graduando em Relações Internacionais da FMU

Lara Santillo Caetano

Graduando em Relações Internacionais da FMU

Laura Bandeira Labriola

Graduando em Relações Internacionais da FMU

Luiza Gabrielle Vaz de Barros

Graduando em Relações Internacionais da FMU

Sarah Aparecida da Silva

Graduando em Relações Internacionais da FMU

 Os casos confirmados do novo Coronavírus (Covid19) ultrapassam 18 milhões, conforme dados do dia 05 de agosto de 2019, e continuam aumentando sem previsão de estabilização. O que foi inicialmente visto como um surto na China, agora é entendido como uma crise global. Desde dezembro de 2019, quando se iniciou a pandemia da Covid-19, o sistema econômico internacional tem sido abalado fortemente com graves reflexos no setor comercial e financeiro. As estimativas macroeconômicas estão em queda com maior frequência do que o normal, e ainda não há previsão de quando o cenário econômico será normalizado.

 Consequentemente, a pandemia da Covid-19 traz consigo uma crise, que, de origem sanitária, acaba por refletir no campo econômico, evidenciando uma crise de natureza distinta das recentes crises de grandes proporções vivenciadas até então dentro de um regime capitalista. Diferente da crise de 2008, que teve origem no mercado de crédito imobiliário norte-americano, em que o colapso se espalhou para o setor financeiro e por fim alcançou a economia global; a crise atual tem impacto direto na produtividade global, a princípio, levando a uma queda na produção industrial e de serviços, e a partir de então surgem os efeitos no mercado financeiro e de crédito (MELLO, OLIVEIRA, GUIDOLIN, et.al., 2020 p.2).

 Por um lado, existem questionamentos quanto à necessidade de medidas consideradas “extremas” por parte da opinião pública, tendo em vista a taxa de letalidade relativamente baixa da Covid-19. Por outro, essa crise sanitária evidencia a necessidade da implementação de políticas de controle para contenção da doença, considerando-se a rápida transmissão do vírus. Todavia, a extensão do dano dependerá da rapidez com que o vírus for contido, das medidas adotadas e de quanto de apoio econômico os governos estão disponibilizando.

 Para 2020, a estimativa atualizada de queda do Produto Interno Bruto na América Latina já é de 4,6%, conforme o relatório do Banco Mundial para América Latina e Caribe. Pensando nisso, o Banco Mundial tem adotado algumas medidas como forma de fortalecer os Estados latinos em meio à pandemia com a distribuição de 160 bilhões em apoio financeiro nos próximos 15 meses.

 Dessa forma, em 2 de abril, quatro projetos econômicos foram aplicados na Argentina, Haiti, Paraguai e Equador. Sendo na Argentina a distribuição de R$ 35 milhões que apoiará os esforços governamentais de detecção e resposta a COVID-19, além de ajudar a identificar novos casos, fornecer atendimentos oportunos, minimizar a propagação da doença e preparar o sistema de saúde. Já para o Paraguai, Haiti e Equador foi destinado cerca de R$ 20 milhões para cada, com o objetivo de fortalecer o sistema de saúde para a preparação de respostas relacionados a COVID-19 (BANCO MUNDIAL, 2020).

 Apesar de prever um crescimento econômico de 2,6% em 2021, de acordo com o Banco Mundial, a crise representará uma queda de 5% no Brasil, 6% no México, 5,2% na Argentina, 2% na Colômbia, 3% no Chile e 4,7% no Peru (BANCO MUNDIAL, 2020).

 Do ponto de vista da política econômica brasileira, devido á baixa liquidez da moeda nacional, o país deve presenciar uma célere desvalorização cambial, podendo refletir no aumento dos preços de produtos essenciais. Ademais, a curto prazo, existe a possibilidade de um excesso de demanda para o abastecimento, considerando as medidas de isolamento social e a incerteza do consumidor. Tais fatores, somados a ampliação do desemprego, com fechamento de empresas, potencializaria a vulnerabilidade social e sucessiva diminuição da demanda, contribuindo para a falta de financiamento das empresas. Por outro lado, a expectativa é de que a arrecadação desacelere, em conjunto com a atividade econômica, uma vez que parte das receitas do governo advém dos tributos sobre o consumo, produção e a renda (MELLO, OLIVEIRA, GUIDOLIN, et.al., 2020 p.5).

 Em 02 de março, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) previu que a pandemia reduzirá o crescimento do PIB global em meio ponto percentual em 2020 (de 2,9% a 2,4%). No boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, a projeção foi revista de 2,2% para 2,17% (FRISCH, 2020). É a terceira queda consecutiva do indicador como consequência das medidas adotadas pelos governos para combater a propagação do vírus, que no mês de fevereiro estava em 2,3%.

 Nesse sentido, o sistema internacional se vê diante de dois desafios; conter a propagação do vírus e criar medidas de minimização dos custos econômicos. Para tanto, é necessário um esforço multilateral, realizado através do diálogo em busca de políticas coordenadas capazes de reduzir impactos econômicos, sociais e políticos. Como exemplo de esforços internos, o aumento de gastos públicos (distribuição de renda) e aumento dos investimentos na saúde, para tratamento dos infectados e pesquisas para desenvolvimento de vacinas. No âmbito externo, é necessário o compartilhamento de informações entre os Estados e Organizações Internacionais, além do suporte aos países mais vulneráveis, a fim de conter essa guerra contra o Coronavírus.

Rio de Janeiro - RJ, 31 de março de 2021.

Como citar este documento:
MACEDO, Gustavo et al. Impactos Econômicos da COVID-19 na América Latina. Observatório Militar da Praia Vermelha. São Paulo: ECEME. 2021..

Referência:

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