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Conflitos Bélicos e Terrorismo.

Publicado: Terça, 26 de Mai de 2020, 09h58 | Última atualização em Sexta, 09 de Outubro de 2020, 16h45 | Acessos: 24254

A guerra é um dos fenômenos mais antigos da história da humanidade. Tem sido estudada por uma variedade de perspectivas teóricas e propósitos, sendo, por isso, objeto de muitas definições. Da dimensão do embate físico à discussão ética, a guerra sempre esteve no horizonte das preocupações políticas e dos desafios militares. Para alguns, a guerra representa um mecanismo anacrônico de resolução de conflitos que deve ser condenada a todo custo; outros ressaltam o seu caráter destrutivo e, assim, buscam propor meios para eliminá-la da esfera das relações internacionais; outros se dedicam ao estudo de suas causas profundas. Por outro lado, ainda existem aqueles que reconhecem a sua permanente recorrência histórica, uma condição, mesmo que indesejada, para a qual os Estados e sociedades devem estar preparados.

Para além das rivalidades geopolíticas, a guerra, reduzida a sua condição elementar, tem no duelo, isto é, no conflito bélico entre unidades distintas de poder a sua expressão mais marcante. Os esforços para entender e classificar os conflitos bélicos vem de longa data. Diversos autores e instituições produziram interpretações mais sistematizadas dessa realidade, dentre as principais contribuições, destacam-se, por exemplo, os trabalhos do Correlates of War Project (COW); os do Uppsala Conflict Data Program (UCDP); os do Heidelberg Institute for International Conflict (HIIK) e o seu “Barômetro dos conflitos”; os do Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) ou de thank tanks como o Council on Foreign Relations (CFR) e seu Global Conflict Tracker. Cada um deles ressaltando aspectos interpretativos e metodologias próprias.

A realidade dos conflitos bélicos exige uma percepção apurada de suas razões históricas e geopolíticas, bem como das transformações tecnológicas nos meios e nos níveis de emprego da força. Na dinâmica atual do sistema internacional, os elementos de demarcação sobre o tipo e a classificação dos conflitos ocupam cada vez mais uma zona cinzenta do ponto de vista teórico, gerando enormes desafios nos âmbitos acadêmico e militar. As fronteiras entre a guerra convencional e a guerra irregular estão cada vez mais tênues, assim como os limites entre a guerra interestatal e intraestatal; ou entre as escalas de ação envolvidas, mundial, regional e local.


TERRORISMO

O terrorismo é um fenômeno considerado não muito novo na história humana. A maioria dos estudiosos aponta o seu surgimento na França, logo após a Revolução de 1789, no contexto do que ficou conhecido como “Règime de la Terreur”. Entretanto, dependendo da definição utilizada, pode-se apontar fatos ocorridos há milênios como terrorismo, como a destruição de Cartago por Roma em 146 AC, que levou “não apenas à completa erradicação dos lares do inimigo, mas também de muitos, quiçá da maioria do seu povo: homens, mulheres, crianças, até mesmo os idosos”, tendo gerado um efeito de dissuadir outros povos de enfrentarem as claras consequências da insubmissão às políticas de Roma.

Ao longo dos séculos XIX e XX, o terrorismo esteve presente em confrontações regionais e internacionais existentes, com a finalidade de promover ou adiantar a agenda política de um determinado grupo. Foi utilizado, na maior parte das vezes, como a tática do mais fraco contra o mais forte, evitando a confrontação direta e explorando a mensagem de medo contida em seus atos para impor a outros grupos, ou autoridades, comportamentos ou reações que eles certamente não adotariam caso não tivessem ocorrido aqueles ataques.

Em pleno século XXI, o mundo voltou suas atenções, de forma definitiva, ao ataque terrorista em pleno solo da potência hegemônica, os Estados Unidos, ocorrido em 11 de setembro de 2001. A alta letalidade, a audácia e capacidade demonstradas, bem como o boom da comunicação, característico da era do conhecimento, acabaram atraindo o terrorismo, de forma irrefutável, para a agenda internacional.

Hoje, o terrorismo é considerado uma das principais ameaças aos Estados Nacionais modernos e, em consequência a toda humanidade. A possibilidade de ocorrência de um ato terrorista é o ingrediente que torna o ambiente atual cada vez mais incerto e volátil. Adicionalmente, o cenário atual torna-se ainda mais ambíguo diante do surgimento de terroristas a partir de comunidades estabelecidas em meio a sociedades avançadas, com altos índices de qualidade de vida; ou ainda pela suposta participação de outros Estados como patrocinadores de grupos terroristas; como também pela urgente, precisa e efetiva resposta exigida do Estado atacado.

Assim, o acompanhamento da manifestação do terrorismo tornou-se um imperativo da sociedade moderna, exigindo observação fenomenológica, com distanciamento analítico, conduzida de forma imparcial, com isenção, impessoalidade e independência crítica. É com esse espírito que o Observatório Militar da Praia Vermelha se compromete a acompanhar o terrorismo, produzindo e disponibilizando o conhecimento necessário para melhor compreensão de sua manifestação, bem como das consequências advindas.

1 - Carr, Caleb. The Lessons of Terror: A History of Warfare Against Civilians. Random House, 2003, p. 18. Tradução nossa.

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