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Lembrai-vos da guerra

Publicado: Quarta, 01 de Outubro de 2025, 03h01 | Acessos: 714

 

Paulo Ricardo de Oliveira Dias
Major do Exército Brasileiro.
Atualmente, é aluno do 2º Ano do Curso de Comando e Estado-Maior da ECEME.


1. O esquecimento estratégico

A memória da guerra é um paradoxo. Enquanto seus vestígios físicos e psíquicos perduram por gerações, a tendência à anistia histórica dos seus rigores mais cruéis é quase instintiva. Em tempos de paz, a urgência da preparação para o conflito diminui, a complacência se instala e as lições forjadas em combate se desvanecem. Este fenômeno, que poderia ser denominado de "esquecimento estratégico", representa uma das maiores vulnerabilidades para a segurança nacional.

A ausência de conflitos de larga escala em solo nacional por muitas das grandes potências, desde meados do século XX, contribuiu para uma percepção distorcida de segurança. A interpenetração econômica, o triunfo da razão positivista e a dissuasão nuclear alimentaram a crença de que uma guerra entre nações não se repetiria, ao menos na Europa. A ilusão dos “dividendos da paz” levou a drásticas reduções nos gastos com equipamentos e à redefinição de missões militares, muitas vezes relegando-as a tarefas de segurança interna, diluindo a vocação original dos exércitos e fomentando um perigoso antimilitarismo popular (GOYA, 2024).

A história, no entanto, oferece um contraponto sombrio a essa situação. O General de Exército Jean-Louis Georgelin, antigo Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da França, no prefácio do livro Res Militaris, alerta que:

(...) reflexões históricas são parte integrante dos chefes militares. Elas permitem forjar as convicções e as personalidades. Elas proporcionam fundamentos para estabelecer condições de causas e efeitos e alertam sobre os problemas do presente e nos treinam, sobretudo, para diferenciar o essencial do acessório (GOYA, 2024, p. 7).

A experiência recente tem demonstrado que exércitos ocidentais, outrora de eficácia tática muito alta, viram-na minguar em comparação com os custos humanos e financeiros crescentes. O que resta do capital de competências em combate de alta intensidade é uma indagação que ecoa a urgência de uma reavaliação (GOYA, 2024).

Portanto, rememorar a guerra transcende a mera contemplação de estudos acadêmicos. Esse ato é um imperativo estratégico. O presente artigo pretende: delinear as razões pelas quais a referida memória é vital, abordar a natureza das modernas operações militares de larga escala e do ambiente multidomínio, defender a indispensabilidade dos grandes exercícios militares como forjadores de prontidão e alertar para o papel central dos Estados-Maiores (EM) na aplicação do poder de combate.

2. O imperativo da guerra: lições inexoráveis dos teóricos clássicos

Clausewitz, em sua obra seminal Da Guerra, legou uma compreensão atemporal da confrontação armada. Para ele, a guerra é a continuação da política por outros meios, um ato de força que visa à submissão do adversário. Seu conceito de "névoa da guerra" e "atrito" descreve a intrínseca incerteza e a resistência que permeiam todo empreendimento militar (ECEME, 2024). Esquecer tais verdades é cair na armadilha do planejamento puramente intelectual, que não resiste ao contato com a realidade, ignorando, inclusive, que o adversário tem a capacidade de manobrar (GOYA, 2024).

Tucídides (2001), em seu manuscrito História da Guerra do Peloponeso, aponta para as motivações humanas perenes que impulsionam o conflito: medo, honra e interesse. Assim, suas descrições da dinâmica de poder entre Atenas e Esparta servem como um alerta sempre atual sobre como as guerras podem, em suas múltiplas manifestações, moldar civilizações, alterar fronteiras e redefinir uma ordem internacional.

Maquiavel (2002), em A Arte da Guerra, enfatiza repetidamente que a força militar é o pilar fundamental para a estabilidade, a segurança e a grandeza de um Estado. Ele aconselha os governantes a verem o inimigo como uma entidade sempre presente e vigilante, criticando a complacência e a falsa segurança, provenientes da má avaliação da realidade e da subestimação das ameaças externas. Com isso, o conflito armado, ou a sua possibilidade, não seria apenas um evento ocasional, mas um elemento fundamental e inevitável da existência política e da manutenção do poder.

Logo, abdicar de pensar a guerra, para os teóricos clássicos, é o prelúdio do desastre. A batalha não é apenas um choque de forças, mas um confronto de inteligências e vontades. A vitória em combate não depende somente da força bruta, mas da capacidade de compreender o ambiente e o adversário (GOYA, 2024). Isso se torna ainda mais de importância dentro da tradição militar ocidental, a qual, segundo Hanson (2002), com sua busca pela batalha decisiva e pela aniquilação do inimigo, exige um preparo contínuo e a disposição para enfrentar conflitos de alta intensidade.

3. O retorno das operações militares de larga escala e o ambiente multidomínio

As últimas décadas foram marcadas por um foco predominante em operações de baixa intensidade, contrainsurgência e missões de estabilização, muitas sob a égide de organismos internacionais (GOYA, 2024). Contudo, o cenário geopolítico atual sinaliza um retorno inegável à possibilidade de operações militares de larga escala, uma vez que o enfrentamento entre Estados com capacidades militares substanciais passou a ser aventado mais do que como uma mera hipótese, conforme delineado em documentos de alto nível dos Estados Unidos da América (EUA), como o National Security Strategy e o National Defense Strategy.

O diferencial de poder entre as superpotências está se reduzindo. O mundo de 2030, antecipado como "muito tenso”, reflete a complexidade e a volatilidade estratégica que permeiam as relações internacionais. A globalização, paradoxalmente à semântica da palavra, teve por efeito despertar os nacionalismos e o ressurgimento de potências dotadas de políticas econômicas e estratégicas nacionais, notadamente a China, mas também a Rússia e a Índia, evidenciando uma multipolaridade crescente (GOYA, 2024).

Nesse contexto, os recursos militares mantêm-se como um pilar central da projeção internacional. Os poderes econômico, político e militar se entrelaçam, de modo que as Forças Armadas ainda se posicionam como um instrumento de projeção de força para defender e promover interesses. No entanto, isso implica em um desafio para as forças militares, as quais, em um passado recente, foram moldadas para operações limitadas, resultando em exércitos profissionais ocidentais, reduzidos e caros, que se mostram desconfortáveis diante de adversários que praticam, em seu nível, uma guerra total (GOYA, 2024).

O combate moderno, mais do que em outros tempos, caracteriza-se pela atuação no ambiente multidomínio. Não se trata mais de operar em compartimentos – terra, mar ou ar –, mas de integrar e coordenar ações e efeitos através dos domínios terrestre, aéreo, marítimo, ciberespaço e espacial (BRASIL, 2025).

A guerra na Ucrânia serve como um laboratório vivo dessa transformação. O conflito tem sido o mais extenso e destrutivo na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. A magnitude e a brutalidade dessa guerra são evidenciadas pelos níveis de atrito e pelas perdas materiais e humanas sofridas por ambos os lados, exigindo uma mobilização de recursos em escala industrial (FREDERICK et al., 2025).

As experiências no teatro de operações russo-ucraniano têm apontado para mudanças no caráter da guerra de alta intensidade. A atuação nos domínios espacial e cibernético promoveu uma transparência sem precedentes no espaço de batalha. A fusão entre informação em tempo real, fogos de precisão de longo alcance e a ubiquidade dos sistemas aéreos não tripulados revolucionou a capacidade de geração de efeitos cinéticos e não cinéticos, dotando o combate de uma complexidade igualmente inédita (FREDERICK et al., 2025).

Logo, reforça-se, inequivocamente, que a preparação das Forças Armadas deve, agora, focar na capacidade de conduzir operações de larga escala, integradas e resilientes no ambiente multidomínio.

4. As grandes manobras militares: a essência da prontidão para o combate

A transição para um ambiente multidomínio e a necessidade de se preparar para operações de larga escala impõem um imperativo inadiável: a retomada e o aperfeiçoamento das grandes manobras militares. Estas não podem ser meros exercícios protocolares, mas devem funcionar como laboratórios táticos para a prontidão e a capacidade de combate das forças militares. A experiência histórica é inequívoca: a nação que negligência o treinamento realista e abrangente de suas forças se condena à ineficácia e a custos exponenciais, quando a guerra inevitavelmente se manifesta.

Os prussianos, no século XIX, foram pioneiros na compreensão da guerra como uma ciência e desenvolveram uma frente virtual de batalha baseada em grandes manobras, simulações, análise de guerras estrangeiras e história militar, o que lhes permitia aprender sem engajamento real (GOYA, 2024). Com o tempo, exercícios similares foram concebidos por exércitos de todo o mundo, tornando-se uma boa prática a ser seguida.

Contudo, a experiência também adverte sobre a degeneração desses exercícios. Segundo Goya (2024), as grandes manobras francesas, após 1873, transformaram-se rapidamente em "grandes espetáculos que não irritam ninguém e agradam a todos" (p. 29), uma vez que a crítica no seio do exército francês revelava-se quase impossível sem ferir suscetibilidades. Com efeito, a execução das manobras militares perdeu o propósito crítico de identificar lacunas e suscitar a necessária crítica construtiva, resultando na perda de competências e numa organização deficiente.

O treinamento realista é a pedra angular da prontidão. A falha da ofensiva ucraniana de 2023 em atingir seus objetivos, em grande parte, foi atribuída a um treinamento insuficiente e à falta de adestramento das forças. As brigadas responsáveis pelas ações principais possuíam capacidade limitada de se submeter a treinamento coletivo em larga escala, haja vista a baixa disponibilidade de tempo e recursos. Assim, a cultura de segurança em algumas nações da OTAN, que restringe o treinamento ao nível individual e prescinde da simulação realista do ambiente de combate, termina por transferir o risco do treinamento para as operações de guerra (WATLING; DANYLYUK; REYNOLDS, 2024).

Grandes manobras permitem que as Forças Armadas testem suas doutrinas, validem novos equipamentos e, crucialmente, desenvolvam a liderança em todos os níveis. Elas expõem deficiências logísticas, lacunas de interoperabilidade e desafios do comando e controle em um ambiente complexo e dinâmico. A habituação ao estresse, ao caos e à incerteza do campo de batalha não pode ser desenvolvida em ambientes controlados ou em simulações puramente teóricas. Apenas o atrito simulado de um grande exercício pode emular, em algum nível, a pressão da guerra real, forçando as unidades a "treinar como se combate" (ROSE, 2025).

Essas manobras se tornam um espaço de aprendizado e inovação, permitindo que a cadeia de comando e os efetivos militares trabalhem em condições de volatilidade e imprevisibilidade, que podem variar do nível tático até o estratégico. A capacidade de identificar lacunas e de refutar doutrinas que não são mais válidas é um dos maiores legados dos exercícios bem executados. Sem essas práticas, a prontidão militar permanecerá uma aspiração teórica, divorciada das duras realidades da guerra (GOYA,2024).

5. O trabalho de estado-maior (EM) e o sucesso na aplicação do poder militar

Se as grandes manobras são o corpo do preparo militar, o trabalho de EM é seu cérebro. A capacidade de planejar, conduzir e controlar operações militares complexas em um ambiente multidomínio, com judiciosa mobilização e emprego dos recursos, reside na qualidade e na experiência desse conjunto intelectual chamado de Estado-Maior.

A confrontação militar moderna, especialmente em larga escala, não é mais um duelo de vontades exclusivamente táticas; ela se manifesta como um embate de inteligências estratégicas e operacionais, em que a mente aberta, a curiosidade intelectual e a criatividade são trunfos formidáveis (GOYA, 2024).

A História Militar reverbera a superioridade da organização e do intelecto. O sucesso prussiano em 1870, por exemplo, não se deu por uma simples vantagem material, mas pela criação de uma "tecnoestrutura" dedicada ao estudo dos fenômenos da guerra, o que englobou o Grande Estado-Maior e a Kriegsakademie (Academia de Guerra, em tradução literal). Esse contexto permitiu que os prussianos formassem um sistema de comando de alto nível, o qual, temperado pelo treinamento avançado e pela busca da inovação, logrou neutralizar as estruturas de comando adversárias (GOYA, 2024).

A guerra na Ucrânia reforçou a criticidade do trabalho de EM. A limitada disponibilidade de oficiais de EM treinados revelou-se um desafio significativo para as unidades ucranianas, restringindo a escala em que as brigadas podiam realizar ações com armas combinadas, especialmente em operações ofensivas com tempo de planejamento exíguo. A consequência direta disso foi a incapacidade de sincronizar grandes operações, levando a ataques de menor escala e fragmentados, onde a unidade mais alta capaz de planejar com coerência era frequentemente o batalhão (WATLING; DANYLYUK; REYNOLDS, 2024).

O sistema de comando, mais do que a tecnologia da informação em si, é o fator-chave para o emprego eficaz da força. A superioridade militar não reside na simples acumulação de equipamentos, mas na habilidade em empregá-los melhor que o oponente, submetendo-o a múltiplos dilemas. Isso demanda uma arbitragem constante entre a qualidade da coordenação e a velocidade de execução (GOYA, 2024).

Portanto, o sucesso na aplicação do poder de combate em operações de larga escala e no multidomínio exige um EM que possua uma profunda compreensão da situação, capacidade inata de adaptação e resiliência para superar as inevitáveis fricções e incertezas da guerra. Isso requer investimento contínuo na formação de uma elite intelectual militar, capaz de refutar dogmas e de promover uma cultura de experimentação e aprendizado contínuo.

6. Um chamado à memória

O destino das nações é, em última análise, determinado pela sua capacidade de se adaptar às realidades de um mundo em constante transformação. A complacência, alimentada pelo esquecimento das lições da guerra, é um luxo que nenhuma potência, global ou regional, pode se permitir, especialmente em uma era de renovada competição geopolítica.

As experiências da história, desde as narrativas de Tucídides até as análises de Clausewitz, passando por Maquiavel, ressoam com a advertência de que a guerra é uma constante trágica da condição humana. A era atual, com o retorno das operações de larga escala em um ambiente multidomínio, não apenas reitera essas lições, mas as eleva a um novo patamar de urgência. Em consonância, as observações da Guerra na Ucrânia servem como um lembrete vívido da letalidade e complexidade do campo de batalha moderno, e do preço de planejamentos inadequados, e da escassez de recursos e do treinamento.

É imperativo que as Forças Armadas cultivem uma memória operacional que transcenda a mera erudição e se transforme em um catalisador para a ação. Isso implica um compromisso irrestrito com grandes manobras militares, exercícios que vão além da espetacularização tática e que, de fato, testem os limites da doutrina, do equipamento e, sobretudo, do espírito de suas tropas. A prontidão para o combate em larga escala não se improvisa. Ela é forjada na disciplina, na repetição exaustiva e na coragem de confrontar as próprias deficiências em ambientes de simulação rigorosos e controlados.

A inteligência coletiva e a acuidade de um EM experiente são a bússola que guia a força militar através do nevoeiro da guerra. Ele é administrador da violência, mobilizando e empregando recursos militares nas dimensões física (tempo e espaço), humana e informacional. A capacidade de um exército em conciliar coordenação e velocidade, em meio ao caos e à incerteza, é o verdadeiro distintivo da excelência militar.

A negligência desse capital coletivo-material-intelectual, seja por restrições orçamentárias ou por inércia burocrática, resulta em uma paralisia que transcende o plano tático e redunda em consequências estratégicas catastróficas, a saber: a atrofia da capacidade de projeção de poder no concerto das nações, resultante da renúncia à disposição de condições para evocar a defesa de interesses próprios.

Quando se trata de poder militar, a espada traz mais segurança do que o escudo, pela sua capacidade de reduzir ameaças, apoiar aliados e levar a guerra ao inimigo (GOYA, 2024). Portanto, o verdadeiro objetivo dos exércitos não é apenas assegurar a inviolabilidade territorial, mas dissuadir e, se necessário, prevalecer sobre seus adversários.

A guerra, em sua essência, não é meramente um evento; é uma condição inerente à interação humana e estatal, uma projeção violenta da política que, mesmo adormecida, sempre espreita no horizonte das relações internacionais. Ignorar essa realidade é lançar-se numa ingenuidade perigosa.

Por isso, a lição é clara e perene: LEMBRAI-VOS DA GUERRA.

 

Referências

BRASIL. MINISTÉRIO DA DEFESA. Operações (MC 3.0). 6. ed. Brasília, 2025.

ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO (ECEME). Repertório de Conhecimentos. Rio de Janeiro, RJ. 2024.

FREDERICK, Bryan et al. The consequences of the Russia-Ukraine war. Santa Monica, CA: RAND Corporation, 2025. (RRA3141-1). Disponível em: https://www.rand.org/t/RRA3141-1. Acesso em: 25 ago. 2025.

GOYA, Michel. RES MILITARIS: o emprego das Forças Armadas no século XXI. Tradução de Maria Cristina Santiago da Silveira. 1. ed. Rio de Janeiro, RJ: Biblioteca do Exército, 2024.

HANSON, Victor Davis. Carnage and culture: landmark battles in the rise of Western power. 1. ed. New York: Anchor, 2002.

MAQUIAVEL, Nicolau. Escritos Políticos / A Arte da Guerra. 1. ed. São Paulo, SP: Editora Martin Claret, 2002.

ROSE, Robert. To train as we fight, we need to train on the land we will fight. Association of the United States Army (AUSA). Arlington, VA, 2025. Disponível em: https:// www.ausa.org/publications/landpower-essays/to-train-as-we-fight#:~:text=In%20Brief,LSCOs)%20in%20harsh%20desert%20terrain. Acesso em 30 ago. 2025.

TUCÍDIDES. História da guerra do Peloponeso. Tradução de Mário da Gama Kury. 4. ed. Brasília, DF: Editora Universidade de Brasília, 2001.

WATLING, J.; DANYLYUK, O. V; REYNOLDS, N. Preliminary lessons from Ukraine’s offensive operations, 2022–23. London: Royal United Services Institute, 2024. (Special Report). Disponível em: https://www.rusi.org/explore-our-research/publications/special-resources/preliminary-lessons-ukraines-offensive-operations-2022-23. Acesso em: 22 ago. 2025.

 

 

  

  

Rio de Janeiro - RJ, 01 de outubro 2025.


Como citar este documento:

ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO (ECEME). OBSERVATÓRIO MILITAR DA PRAIA VERMELHA (OMPV). Lembrai-vos da guerra. Rio de Janeiro, 2025. Disponível em: 

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